Regulação Emocional
Aprenda a reconhecer e lidar com emoções intensas, promovendo mais equilíbrio e bem-estar. [Saiba mais]
Bruna Fialho


1. O que são emoções?
Antes de falar sobre regulação emocional, é importante entendermos o papel das emoções em nossas vidas.
As emoções são um conjunto de respostas naturais com base biológica, mas também podem ganhar novos significados a partir da interpretação de estímulos, experiências e do ambiente em que a pessoa está inserida. Elas nos ajudam a compreender e reagir ao mundo ao nosso redor, influenciando nossos pensamentos, comportamentos e decisões. Além disso, envolvem reações físicas e comportamentais que preparam nosso corpo para agir diante de diferentes situações.
As emoções básicas, como tristeza, medo, nojo, alegria e raiva, fazem parte da experiência humana e nos acompanham ao longo da vida. Elas desempenham papéis essenciais para nossa sobrevivência, ajudando-nos a enfrentar desafios e a nos conectar com as pessoas. Embora sejam universais, sua expressão pode variar conforme o contexto cultural e social. Conheça um pouco mais sobre cada uma delas:
Tristeza
A tristeza geralmente surge em resposta a perdas, frustrações ou situações que não atendem às nossas expectativas. Ela desempenha uma função adaptativa, auxiliando no processamento de momentos difíceis, na busca por apoio e na reorganização emocional diante de mudanças significativas. Além disso, favorece a reflexão sobre experiências passadas, contribuindo para o aprendizado e a adaptação a novas situações. No entanto, quando excessiva ou persistente, pode levar ao isolamento, à perda de motivação e, em alguns casos, ao desenvolvimento de transtornos como a depressão.
Medo
O medo é uma emoção essencial para a sobrevivência, pois nos alerta sobre perigos reais ou percebidos. Ele ativa respostas automáticas no corpo, preparando-nos para reagir e garantir nossa segurança. Além de nos proteger, o medo também influencia nossa tomada de decisões, ajudando a evitar riscos futuros. No entanto, quando excessivo ou irracional, pode se tornar paralisante, levando à ansiedade, à evitação de situações importantes e até mesmo ao comprometimento da qualidade de vida.
Alegria
A alegria nos motiva e fortalece comportamentos positivos, incentivando a busca por conexões sociais e o engajamento em experiências enriquecedoras. Além disso, impulsiona nossa capacidade de realização e contribui para o desenvolvimento da resiliência, ajudando-nos a enfrentar desafios com mais equilíbrio e bem-estar.
Raiva
A raiva nos ajuda a reconhecer injustiças, tanto contra nós quanto contra os outros. Quando canalizada de forma saudável, pode ser uma força impulsionadora para mudanças positivas, promovendo a assertividade e a busca por soluções. No entanto, quando desregulada, a raiva pode ser direcionada para os outros ou para nós mesmos, resultando em agressividade, autocrítica excessiva ou comportamentos prejudiciais
Além das emoções básicas, também experimentamos emoções mais complexas, como ansiedade, ciúmes, culpa, vergonha, admiração e orgulho. Embora algumas emoções possam parecer desafiadoras ou negativas à primeira vista, quando não são disfuncionais, elas desempenham papéis importantes no nosso desenvolvimento pessoal, nas nossas relações e na maneira como enfrentamos os problemas. Por exemplo, a ansiedade pode nos ajudar a nos preparar melhor para um evento importante, e a culpa pode nos motivar a reparar um erro e fortalecer nossos relacionamentos.
2. O que é a desregulação emocional e como ela pode nos afetar?
A desregulação emocional é a dificuldade ou a falta de habilidade em gerenciar e responder de forma adequada às próprias emoções.
Em alguns momentos, as emoções podem parecer intensas, deixando-nos com a sensação de que é difícil lidar com o que estamos vivendo.
Quando as emoções estão fora de controle, é comum reagirmos de forma impulsiva, muitas vezes sem pensar nas consequências. Algumas pessoas podem buscar alívio temporário através de comportamentos prejudiciais, como uso excessivo de álcool ou outras substâncias, o que pode agravar ainda mais o sofrimento emocional.
Por outro lado, algumas pessoas lidam com a dor emocional de forma oposta, experimentando uma desativação excessiva das emoções. Nesse estado, elas podem suprimir o que sentem a ponto de se desconectarem de si mesmas, um fenômeno conhecido como despersonalização. Em situações extremas, como ao vivenciar uma catástrofe, essa resposta pode ser útil temporariamente, funcionando como um mecanismo de defesa, por exemplo, a supressão do medo para permitir que a pessoa reaja à situação no momento. No entanto, quando prolongada, a repressão emocional pode intensificar o sofrimento e aumentar o risco de problemas de saúde mental.
3. O que é regulação emocional e como ela nos ajuda a enfrentar situações desafiadoras?
A regulação emocional é a capacidade de reconhecer, compreender e manejar as emoções de forma saudável e equilibrada. Não significa suprimir ou evitar o que sentimos, mas sim aprender a lidar com as emoções de maneira que elas não resultem em sofrimento, comportamentos impulsivos ou prejudiciais.
Por exemplo, em vez de gritar e xingar em um momento de raiva, podemos dar uma pausa, respirar fundo e expressar o que sentimos de forma mais calma e assertiva.
A regulação emocional é uma ferramenta poderosa que contribui para relacionamentos saudáveis, decisões mais conscientes e um maior bem-estar emocional. Ela pode ser desenvolvida e aprimorada por meio de técnicas, autoconhecimento e, quando necessário, apoio terapêutico.
4. Estratégias e práticas para regulação emocional
Existem diversas estratégias e práticas que auxiliam na regulação emocional, permitindo lidar com as emoções de forma mais equilibrada. A seguir, algumas técnicas:
Psicoeducação
A psicoeducação é um processo educativo que ajuda as pessoas a compreenderem melhor suas emoções, como elas surgem, influenciam seus pensamentos e comportamentos, e a desenvolverem estratégias eficazes para lidar com elas.
Identificar pensamentos, emoções e comportamentos
Reconhecer e nomear o que está sentindo, compreendendo como os pensamentos, emoções e comportamentos estão interligados e influenciam suas ações.
Escrita terapêutica
Escrever sobre as emoções e experiências pode ajudar a organizá-las, compreendê-las melhor e aliviar sua intensidade emocional.
Exercícios de respiração
Ajudam a reduzir a ativação do sistema nervoso, promovendo calma e equilíbrio. A respiração controlada pode diminuir os níveis de estresse e ansiedade, melhorar o foco e auxiliar no gerenciamento de emoções intensas, como raiva ou medo.
Atenção plena (mindfulness)
A prática da atenção plena consiste em estar presente no momento, observando pensamentos, emoções e sensações sem julgá-los, promovendo maior autoconsciência e equilíbrio emocional.
Prática da autocompaixão
Praticar a autocompaixão é ser gentil consigo mesmo, reconhecendo que sentir emoções faz parte da experiência humana, em vez de se julgar por isso.
5. Lembre-se: cuidar das suas emoções é cuidar de você
As emoções são uma parte natural e essencial da experiência humana. Sentir tristeza, medo, raiva ou qualquer outra emoção faz parte da vida.
No entanto, se em algum momento sentir que suas emoções estão difíceis de lidar ou interferindo no seu bem-estar, não hesite em buscar ajuda. Uma psicóloga pode ajudá-la a compreender seus sentimentos, oferecer apoio e ensinar ferramentas para lidar com eles de maneira saudável.
Referências:
LEAHY, Robert L.; TIRCH, Dennis; NAPOLITANO, Lisa A. Regulação emocional em psicoterapia: um guia para o terapeuta cognitivo-comportamental. Traduzido por Ivo Haun de Oliveira. Porto Alegre: Artmed, 2013.
MENDES, Marco Aurélio; GREENBERG, Leslie. A clínica das emoções: teoria e prática da terapia focada nas emoções. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2022.
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