Depressão
A depressão é um transtorno mental que causa sofrimento significativo e impacta diversas áreas da vida. Reconhecer os sinais e buscar ajuda profissional é fundamental. [Saiba mais]
Bruna Fialho


1. O que é depressão?
A depressão é um transtorno mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, independentemente de gênero, idade ou classe social. Embora qualquer pessoa possa desenvolvê-la, o diagnóstico é mais frequente em mulheres, possivelmente devido a uma combinação de fatores biológicos, sociais e psicológicos. Ela se apresenta de diferentes formas, com sintomas que causam sofrimento significativo e prejuízo na vida profissional, social e em outras áreas importantes. Entre os principais sintomas estão: humor deprimido na maior parte do dia, desesperança, diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades, fadiga, alterações no sono e no apetite, dificuldade de concentração e sentimentos de culpa ou inutilidade.
Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da depressão, entre eles:
Fatores genéticos
A depressão pode ter influência genética, e pessoas com histórico de depressão na família têm um risco maior de desenvolver o transtorno.
Aspectos neurobiológicos
Desequilíbrios nos neurotransmissores, como serotonina, noradrenalina e dopamina, que desempenham papel essencial na regulação do humor.
Abuso de substâncias
O consumo excessivo de álcool e outras drogas pode desencadear ou agravar o quadro depressivo.
Estresse prolongado
Situações estressantes de longa duração, como problemas no trabalho, dificuldades familiares ou financeiras, podem aumentar significativamente o risco de desenvolver a depressão.
Experiências traumáticas
Vivências como abusos, agressões, acidentes ou desastres podem contribuir para o desenvolvimento da depressão.
Fatores psicológicos
Questões emocionais, cognitivas e comportamentais, como baixa autoestima, pessimismo e ruminação, desempenham um papel importante no desenvolvimento da depressão. A tendência de focar em pensamentos negativos e interpretar situações de forma distorcida pode aumentar o risco de desenvolvimento do transtorno depressivo.
Isolamento social
Como seres sociais, a interação com outras pessoas é fundamental para o bem-estar. A falta de suporte social e o isolamento podem desencadear ou agravar a depressão, uma vez que a solidão contribui para a sensação de desamparo e tristeza.
2. Sintomas de depressão
A depressão pode aparentar diversos sintomas e afetar áreas importantes da vida. A seguir, são apresentados alguns sintomas, com o intuito de informar e alertar, mas não devem ser usados como diagnóstico. Para isso, é necessário procurar um profissional de saúde mental, que utilizará recursos e técnicas adequadas para avaliar e tratar a depressão de forma correta.
Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias.
Perda de interesse em atividades que antes davam prazer.
Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta.
Insônia ou hipersonia (dormir demais) quase todos os dias.
Agitação ou retardo psicomotor (sensações de inquietação ou de estar mais lento).
Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada.
Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias.
Pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida.
3. Diferença entre tristeza e depressão
É fundamental compreender as diferenças entre tristeza e depressão. A tristeza é uma emoção natural e passageira, que pode tornar a pessoa mais introspectiva e reflexiva, mas geralmente não causa danos significativos à vida do indivíduo. No entanto, quando a tristeza se torna intensa e persistente, acompanhada de outros sintomas como desânimo, falta de esperança e prejuízos no funcionamento diário (como dificuldades em realizar atividades cotidianas, como tarefas domésticas, ir ao supermercado, cuidar da higiene pessoal, manter a produtividade no trabalho, ou mesmo o isolamento social), é importante procurar a ajuda de uma psicóloga ou psiquiatra.
É importante entender que a depressão não é uma questão de preguiça ou fraqueza, mas sim uma condição de saúde que necessita de um tratamento adequado. Com o apoio correto, a pessoa pode retomar uma vida mais equilibrada e com melhor qualidade.
4. Diagnóstico e tratamento da depressão
O diagnóstico da depressão é fundamental, pois permite que a pessoa receba a orientação adequada e o tratamento necessário para sua recuperação. Quando a depressão é leve, ela pode ser tratada de maneira eficaz com terapia. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é bastante eficaz para tratar a depressão leve, mas é importante ressaltar que o tratamento pode variar conforme as necessidades do paciente. O diagnóstico correto deve ser feito por um profissional qualificado, geralmente psicóloga ou psiquiatra, após uma avaliação detalhada, que pode incluir entrevistas clínicas, inventários ou escalas diagnósticas, os quais ajudam a entender a intensidade dos sintomas e orientar o tratamento.
Quando a depressão é considerada moderada ou grave, além da terapia, o acompanhamento psiquiátrico se torna fundamental. O psiquiatra avaliará a necessidade de medicação e será responsável por prescrever os medicamentos necessários para aumentar a eficácia do tratamento.
Além dos tratamentos terapêuticos e medicamentosos, é importante destacar que mudanças no estilo de vida desempenham um papel crucial na recuperação. A prática regular de exercícios físicos, uma alimentação balanceada e a adoção de hobbies que tragam prazer, como assistir a um filme no cinema, pintar, desenhar, ouvir música, dançar ou qualquer atividade que faça bem, são extremamente benéficos. Essas atividades ajudam a melhorar o estado emocional e a promover o bem-estar.
Além disso, a interação social também é fundamental. Estar perto de pessoas que oferecem apoio e que proporcionam momentos agradáveis pode ajudar na recuperação, trazendo mais conforto e motivação durante o tratamento.
5. Estratégias e técnicas utilizadas na terapia
A terapia é um espaço seguro e acolhedor, onde a paciente pode expressar suas questões sem medo de julgamentos. Para apoiá-la nesse processo, são utilizadas estratégias e técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajudam a compreender e modificar pensamentos e crenças negativas, além de comportamentos que podem estar causando sofrimento. O objetivo é identificar padrões que possam estar contribuindo para a depressão ou intensificando seus sintomas. Por isso, a reflexão e o questionamento dos pensamentos são fundamentais para construir novas formas de pensar e agir.
A seguir, algumas técnicas que podem ser utilizadas na terapia:
Psicoeducação
É uma técnica que ajuda a paciente a compreender a depressão, seus sintomas e os impactos que ela pode causar no dia a dia.
Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD)
Ajuda a identificar e registrar padrões de pensamento negativos e distorcidos que podem estar contribuindo para o sofrimento emocional. Ao escrever esses pensamentos, a pessoa ganha maior consciência sobre como esses padrões afetam suas emoções e comportamentos, permitindo uma análise mais profunda e a possibilidade de modificá-los para formas de pensar mais equilibradas e realistas.
Resolução de problemas
O desenvolvimento de habilidades para lidar com os desafios do dia a dia pode aumentar o senso de controle e reduzir o impacto da depressão. Essa técnica ajuda a pessoa a identificar o problema e entender seus aspectos centrais, analisando diferentes soluções e avaliando suas possíveis consequências. Com isso, é possível escolher a solução mais viável e implementá-la de forma prática, promovendo maior confiança no enfrentamento das dificuldades e um sentimento de autonomia.
Ativação comportamental
Auxilia a paciente a retomar atividades prazerosas e significativas. O agendamento de tarefas ajuda no planejamento e na realização gradual das atividades, respeitando o ritmo da paciente. O monitoramento do humor, por meio de registros gráficos, permite identificar os efeitos positivos dessas ações, promovendo maior engajamento e motivação no processo de recuperação.
6. A depressão tem tratamento e você pode buscar ajuda
A depressão tem tratamento, e é fundamental buscar apoio de familiares, amigos e profissionais de saúde para passar por esse processo de recuperação. Além das clínicas de psicoterapia, existem organizações como o CVV (Centro de Valorização da Vida), que oferece apoio emocional imediato.
Se você ou alguém que conhece estiver enfrentando um momento muito difícil e precisar de apoio emocional imediato, o CVV está disponível 24 horas por dia, gratuitamente, pelo telefone 188 ou no site https://cvv.org.br/. No entanto, em casos de crise grave ou com risco à vida, como em uma crise psicótica ou tentativa de suicídio, é essencial procurar ajuda imediata em hospitais de emergência, que oferecem atendimento e o suporte necessário para estabilizar a pessoa enquanto ela inicia o tratamento adequado.
Lembre-se, pedir ajuda é um ato de cuidado. Você não está sozinha nesse processo. Existem pessoas que podem oferecer o apoio necessário, seja um familiar, amigo ou profissional de saúde, ajudando você a enfrentar esse momento com mais força e segurança.
Referências
Braga, D. T. et al. Vencendo a depressão: Manual de terapia cognitivo-comportamental para pacientes e terapeutas. Porto Alegre: Artmed, 2024.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5-TR. 5. ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2022.
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