Ansiedade de separação: quando é preciso atenção e cuidado
É natural que crianças pequenas sintam medo ao se separar dos pais. Mas quando esse desconforto se torna intenso e persistente, pode indicar um transtorno de ansiedade de separação. Cuidar das emoções da criança e também das dos cuidadores é essencial para que ela desenvolva segurança, autonomia e vínculos saudáveis.
Psicóloga Bruna Fialho


A ansiedade de separação é uma fase natural do desenvolvimento infantil, especialmente entre os 8 meses e 3 anos de idade. Durante esse período, é comum que as crianças sintam medo ou desconforto ao se afastarem dos pais ou de suas figuras de apego. No entanto, quando os sintomas se tornam muito intensos, prejudicam a rotina da criança e da família e persistem por mais de quatro semanas, pode ser sinal de algo mais sério: o Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS).
O TAS é uma condição emocional que traz impacto não apenas para a criança, mas também para seus cuidadores. Ele é caracterizado por um medo intenso de se afastar dos pais, preocupação excessiva com o bem-estar dos cuidadores, resistência em ir à escola ou em participar de outras atividades que envolvam separação. Muitas vezes, a criança também pode apresentar queixas físicas, como dor de cabeça ou dor abdominal, além de pesadelos relacionados à separação.
A ansiedade de separação é uma condição complexa, que envolve fatores biológicos, neurobiológicos e psicossociais. Esses fatores contribuem para a maneira como a criança vivencia o medo da separação e, por isso, cada caso precisa ser compreendido com atenção e sensibilidade.
Em crianças pequenas, é esperado algum desconforto na hora de se separar dos pais. Porém, quando esse medo começa a impedir a criança de brincar com amigos, frequentar a escola ou realizar atividades próprias da sua idade, é importante buscar orientação profissional.
O impacto na vida familiar
Para os cuidadores, lidar com a ansiedade de separação pode ser desafiador. É natural que surjam sentimentos de culpa, frustração e cansaço emocional. Essas emoções também merecem ser acolhidas, sem julgamentos. Afinal, cuidar de uma criança em sofrimento emocional exige muita dedicação e amor.
Essa interação entre o sofrimento da criança e o cansaço dos cuidadores pode, às vezes, criar um ciclo de ansiedade e estresse, o que torna ainda mais essencial o suporte adequado.
O que fazer?
O tratamento psicoterapêutico é, na maioria dos casos, a primeira escolha. Em situações moderadas a graves, o acompanhamento médico pode ser recomendados para ajudar a criança a recuperar seu bem-estar.
Além do apoio profissional, algumas atitudes dos cuidadores podem ser muito importantes:
Validar e acolher as emoções da criança: escutar, nomear e normalizar o que ela sente, sem minimizar seus medos.
Manter uma rotina previsível: isso dá à criança uma sensação de segurança.
Incentivar, aos poucos, a independência: respeitando o ritmo da criança, mas mostrando que ela é capaz de lidar com pequenas separações.
Evitar reforçar comportamentos ansiosos: embora seja desafiador, é importante não atender imediatamente aos pedidos da criança motivados pela ansiedade, sempre com carinho e respeito
Fazer despedidas curtas e positivas: alongar o momento da separação pode aumentar o sofrimento.
Criar pequenos rituais de separação: como um beijo especial ou uma frase de segurança.
Evitar atrasos ao buscar a criança na escola ou em eventos, sempre que possível, para fortalecer a confiança de que ela será buscada como combinado.
Cuidando também dos pais
Estimular a autonomia da criança pode ser muito difícil quando sabemos que ela está sofrendo. No entanto, é um gesto de amor ajudá-la a enfrentar seus medos de maneira gradual e acolhedora. Ter essa consciência pode fortalecer ainda mais o vínculo de confiança entre pais e filhos.
É importante também que os cuidadores cuidem das próprias emoções. A ansiedade de separação dos adultos pode, sem querer, ser percebida pelas crianças e intensificar seus medos. Buscar suporte, quando necessário, é uma forma de cuidar de toda a família.
A longo prazo
Quando a ansiedade de separação não é tratada na infância, podem surgir prejuízos no convívio social, na escola e, futuramente, na vida adulta. Por isso, a atenção às emoções das crianças é tão importante.
Cuidadores, educadores, pediatras e psicólogos devem trabalhar juntos para fortalecer as habilidades emocionais das crianças, construindo um ambiente seguro e de apoio para seu desenvolvimento saudável.
Lembre-se: pedir ajuda não é sinal de falha, mas sim de cuidado e responsabilidade. Vocês não estão sozinhos nesse processo!
Referências
https://artmed.com.br/artigos/ansiedade-da-separacao-diagnostico-e-manejo
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